terça-feira, 17 de março de 2015

BULLYING: precisamos falar sobre isso.



Dia 09 de março morreu um adolescente de 14 anos após ser brutalmente espancado nas dependências de sua escola, em São Paulo. O motivo? Ele era filho de homossexuais e sofria bullying diariamente. Quantas crianças ainda precisarão passar por isso? Quantos ainda serão ridicularizados, espancados e/ou mortos por conta de sua condição sexual, de sua cor, de seu peso, de sua origem? O que as escolas têm feito para tratar do problema dentro de suas dependências, um espaço de socialização por natureza?
Apesar de ser uma palavra relativamente nova, o bullying vem ganhando espaço cada vez maior na mídia nacional e internacional. Ainda sem tradução no Brasil, o termo, de origem inglesa, se refere a comportamentos agressivos na escola. Os atos de violência física ou psicológica, praticados sistemática e intencionalmente têm por objetivo intimidar, humilhar, agredir, maltratar e amedrontar suas vítimas. Podem ser verbais (insultos, ofensas, apelidos pejorativos, etc), físicos e materiais (bater, empurrar, destruir ou roubar pertences), psicológicos e morais (humilhação, exclusão, chantagem, discriminação, intimidação, calúnia e difamação), sexuais (abuso, estupro, assédio, insinuação) e virtuais ou ciberbullying (internet, filmadoras, celulares, etc)¹.
Embora não haja um padrão de reações ao bullying, a Cartilha do Ministério da Justiça sobre o tema² aponta que os problemas mais comuns entre as vítimas são: desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos, como transtorno ou síndrome do pânico, depressão, anorexia e/ou bulimia, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, entre outros. Além disso, o bullying pode potencializar e agravar, em casos mais dramáticos, problemas preexistentes, como esquizofrenia, homicídio e suicídio, devido ao tempo de exposição prolongado ao estresse a que a vítima é submetida.
O fato de cada vez mais casos de bullying surgirem na mídia não significa necessariamente que os casos estejam aumentando. É possível que isso indique uma preocupação real em identificar, prevenir e erradicar esse fenômeno universal. Reprimir o bulliyng é uma medida provisória de resultados duvidosos e temporários, pois o problema não é resolvido, apenas abafado. É uma medida compensatória de curto alcance.
Apenas disseminando uma educação voltada aso valores humanos, à paz e à empatia, será possível combater o problema em sua raiz. É evidente que a família tem papel importante. Contudo, a escola deve ser protagonista, no sentido de alimentar uma educação em que o reconhecimento e o respeito sejam imperativos. Já fomos muito tolerantes com o bullying por anos e anos. Agora é o momento de interromper, com firmeza e determinação, sua vil trajetória.

¹ Fonte: Silva, Ana Beatriz Barbosa. Bullying. Cartilha 2010 - Projeto Justiça nas Escolas. Ministério da Justiça, Brasília: 2010.
² Idem.

Cássia Janeiro

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