O ENEM de 2014 mostrou ao Brasil um cenário desolador: mais de meio milhão de estudantes zeraram em redação (exatamente 529.374). Já a OCDE (Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicou relatório, em 2012, no qual o desempenho dos estudantes brasileiros em leitura no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) ficou na 55ª posição. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2012), por sua vez, apontou que assistir à telenovela, escutar música, dormir, encontrar os familiares, assistir a um filme ou sair com os amigos estão à frente da necessidade de ler, entendendo-se que ler não se refere apenas à leitura de livros, mas de jornais, revistas, livros ou mesmo textos na Internet: apenas 24% dos entrevistados cultivam o hábito de ler durante o tempo livre.
A mesma pesquisa revelou que o brasileiro lê, em média, 1,85 livro por trimestre; em países europeus a média é de oito livros por ano. O mais preocupante dado, contudo, veio da pesquisa Qedu, de 2013: menos da metade dos professores da rede pública leem nas horas vagas. Daniel Pennac, em seu livro “Como um romance” provoca os educadores: “E se em vez de exigir a leitura, o professor decidisse de repente partilhar sua própria felicidade de ler?” De que maneira isso poderia se dar, se os educadores não estão interessados em leitura, se não cultivam o hábito, o prazer e a alegria de ler? Esse é um convite à reflexão.
Cássia Janeiro
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